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  • Foto do escritorKelly Baptista

Por que nós devemos criar oportunidades para jovens socialmente vulneráveis?

Enquanto o Brasil ocupa os últimos lugares em rankings mundiais sobre educação de qualidade, o GAP entre emprego digno e juventude brasileira cresce em desigualdade e esse é um dos maiores desafios sociais.


Mas, afinal, como a falta de educação de qualidade impacta a empregabilidade da juventude?


Você já ouviu falar sobre o "poverty trap"? Poverty trap ou armadilha da pobreza, é um conceito que refere-se ao ciclo vicioso da pobreza, em que a falta de acesso à educação e oportunidades de trabalho leva a uma menor renda, o que por sua vez dificulta o acesso a recursos básicos como alimentação, saúde e educação, perpetuando a situação de pobreza da pessoa e das gerações futuras daquela família.




A armadilha da pobreza pode não ser a sua realidade. Porém, ela é a de muitas famílias brasileiras.


Um estudo recente feito pelo IBGE, constatou que 90% dos brasileiros têm renda inferior a R$ 3,5 mil por mês (R$ 3.422,00) e 70% ganham até dois salários mínimos (R$ 1.871,00, para um salário mínimo de R$ 998,00 em 2019).


Se nos aprofundarmos no tema, em 2021 no Brasil, havia um ápice de 62,525 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, o equivalente a 29,4% da população sobrevivendo com menos de R$ 16,20 por dia.


Em meio a esse cenário, como fica o acesso à educação?

Na tentativa de transformar a sala de aula mais atual, atrativa e inclusiva, a internet e o uso de outras tecnologias se tornam cada vez mais frequentes. Esse movimento se acentuou com a pandemia do COVID-19. Porém, outro desafio se coloca em destaque: a falta de acesso a computadores, internet e outras tecnologias, faz com que a digitalização seja algo distante para a maioria dos estudantes, principalmente nas periferias urbanas e rurais.


Conforme dados da pesquisa TIC Domicílios (2019), quase 30% dos lares brasileiros não possuem acesso à internet, e apenas 39% têm computador. Nas classes sociais D e E, que são justamente aquelas que já sofrem com outros tipos de exclusão, o percentual de domicílios sem acesso à internet é de nada menos do que 50%. Já no que diz respeito ao uso, 59% dos brasileiros e das brasileiras dizem não usar a internet para estudar e trabalhar. Apenas 31% das pessoas que usam computador afirmam ter manipulado uma planilha de cálculo, por exemplo.


A educação de qualidade também é um desafio coletivo

Educação de qualidade; redução das desigualdades; e, trabalho digno e crescimento econômico são alguns dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) listados pela ONU e são essenciais para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e equitativa.


Nosso país ainda tem um longo caminho a percorrer. Além da falta de acesso às tecnologias, a educação de qualidade também é afetada por outros fatores como o mau gerenciamento de recursos e políticas públicas e privadas, desigualdade de recursos entre as regiões do país e, por fim, o entendimento, conscientização e intencionalidade, por parte de empresas e suas lideranças, da importância e dos benefícios de investir na juventude brasileira.


O que sua empresa pode fazer?

É inegável que a capacitação e o emprego são fatores cruciais para a integração social dos jovens, reduzindo a marginalização e proporcionando um senso de pertencimento na sociedade. Por meio da capacitação, os jovens adquirem habilidades e conhecimentos que os ajudam a crescer pessoal e profissionalmente, o que pode contribuir para uma maior diversidade e equidade no mercado de trabalho. E ao oferecer oportunidades de trabalho digno e qualificado, as empresas podem contribuir para romper o "poverty trap" e permitir que esses jovens alcancem a realização pessoal e profissional.


É papel das empresas e organizações sociais contribuir e apoiar a capacitação e o emprego de jovens vulneráveis, desta forma oferecer oportunidades de capacitação e emprego para jovens socialmente vulneráveis, apoiar formas de desenvolvimento pessoal e econômico. Ao investir na juventude, as empresas podem exercer sua responsabilidade social e contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva, enquanto também se beneficiam do potencial de colaboradores ou clientes que esses jovens representam.


Por isso, é fundamental que empresas e suas lideranças reconheçam a importância de investir na juventude, não só como um compromisso social, mas também como uma estratégia de negócios inteligente e consciente: segundo um estudo da consultoria McKinsey, empresas que valorizam a diversidade e a inclusão em seu ambiente de trabalho têm mais chances de serem bem-sucedidas e lucrativas do que aquelas que não o fazem. Isso porque a diversidade traz diferentes perspectivas, ideias e habilidades para a equipe, o que pode levar a soluções mais criativas e inovadoras.


Nesse sentido, investir na capacitação e emprego de jovens vulneráveis não só contribui para o desenvolvimento social e econômico, mas também é uma forma de romper com o "poverty trap" e permitir que esses jovens alcancem a realização pessoal e profissional. Por isso, é fundamental que empresas e suas lideranças reconheçam a importância de investir na juventude, não só como um compromisso social, mas também como uma estratégia de negócios inteligente e consciente.


 

Kelly Baptista é especialista em gestão de políticas públicas e diretora executiva da Fundação 1Bi, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann, Conselheira Fiscal do Instituto Djeanne Firmino, Conselhelheira Consultiva da CMOV e colunista do site Mundo Negro.


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